São João sem fogueira e sem quentão: saiba como é a maior festa popular de Portugal

São João sem fogueira e sem quentão – a maior festa popular de Portugal é bem diferente do Brasil, mas uma coisa as comemorações têm em comum: muita animação.

Para começar, a festa aqui em Braga dura dez dias! Isso mesmo, de 14 a 24 de junho tem decoração, procissões, shows musicais, barracas com comida típica e bancas que vendem de tudo um pouco espalhadas pelo centro da cidade.

Fui com minhas filhas acompanhar a abertura da festa na noite do dia 14 e ver se por aqui também tinha “caipirinhas”, vestidos coloridos e chapéu de palha. Nada disso! Mas tem muita tradição e história.

Segundo o presidente da Associação de Festas de São João de Braga, Rui Ferreira, a maior festa popular portuguesa teve início no século XVI.

– Se podemos apontar uma data para o início de festejos significativos em honra de São João em Braga, somos obrigados a apontar o ano de 1150, data em que foi fundada uma igreja dedicada a este santo. Ao longo do século XVI, temos a convicção que as festas de São João, para além de serem um dos sete festejos estatutários da cidade, seriam provavelmente um dos que mais contava adesão popular. Em meados do século XVIII quando já se reconhece o São João como os maiores festejos citadinos a par do Corpo de Deus, que, por essa altura, já era demasiado religioso para a efusividade e excesso de impostos pelos cânones sociais dos tempos barrocos. Na segunda metade do século XIX, Braga, como qualquer localidade minhota, fervilhava de festas e romarias – explica.

Para quem vem de fora, todos os rituais são encantadores. Na abertura, teve toque de tambor, banda de música portuguesa, bonecos gigantes que rodopiam pela praça central e decoração iluminada

E todos esses festejos envolvem milhares de pessoas. Segundo Rui Ferreira, da organização participam 338 entidades, cerca de 10 mil pessoas. E para este ano, a previsão do número de visitantes é de um milhão! Toda essa gente vem em busca de diversão. A festa aqui tem origem religiosa e procissões, mas tem também muita diversão.

Na programação, música não falta! Um dos pontos altos da festa, segundo a organização é o quadro do Rei Davi “constituída por 13 elementos, um dos quais o Rei David, que se destaca ao centro. O grupo está dividido em duas filas de seis elementos cada. Cada fila tem um guia, cuja missão é iniciar a dança e interagir com o Rei. A melodia que acompanha a dança é constituída por ‘duas partes de doze compassos binários’.

Segundo José Gomes, “a música atualmente utilizada é oitocentista, devendo-se a sua autoria a um monge agostinho do Convento do Pópulo. Quanto à dança, o mais caraterístico é um passo tipo polca, em que uma das pernas está elevada com o joelho dobrado sobre a cinta, enquanto a outra suporta o peso total do corpo.”

Li que a origem da dança do Rei David, famosa nas festas sanjoaninas, está está sendo estudada, mas há indícios que começou no século XVI, tradição que nasceu associada às celebrações do Corpus Christi e chegou aos dias atuais através das gerações, passando de pais para filhos.

Foto: Facebook / Divulgação

E além de tradição, tem também a gastronomia que chama a atenção de quem, como eu, desconhece as festas lusitanas. Se no Brasil, tomamos quentão e comemos pipoca, aqui tem uma lista de comidas típicas para este período festivo. Sardinha assada, batata cozida, broa, bifanas (tipo de sanduíche feito com bifes finos de porco que cozinham num molho picante), pão com chouriço e vinho verde (branco e tinto) são os mais tradicionais.

Para as crianças também há muita diversão. Venda de brinquedos e balões coloridos, parque de diversões e um sucesso entre os “miúdos” e “graúdos” que são uns martelos que fazem barulho, como uma buzina. Fui em busca da origem desse costume, mas não há muita relação com a história. O brinquedo foi inventado há muitos anos, em 1963 por Manuel Antonio Boaventura, segundo registros, caiu no gosto popular e acabou sendo relacionado às festas de São João. Dizem aqui que quem não leva uma “martelada barulhenta” na cabeça, não viveu a festa de forma plena!

E é assim, com música, comilança, religiosidade e muita tradição que bracarenses e visitantes se divertem no calor do mês de junho, no norte de Portugal!

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