Todo início de ano coloco na minha lista de resoluções de ano novo ler um pouquinho mais. Faz uns dois anos que tenho atingido a meta de ler pelo menos um livro por mês – eu sei que é bem pouco para os devoradores, mas me dou por contente percebendo que esse hábito é gradativo – e tudo é feito de pequenas evoluções.
No início do ano passado fiz algo que me ajudou muito nesse objetivo: criei uma meta diária. Ela consistia em ler, pelo menos, 30 minutos por dia (quando adolescente eu costumava ler muito mesmo, mas a correria dos dias foi me tornando uma leitora relapsa). O cálculo era o seguinte: se em 30 minutos conseguir ler 10 páginas, no fim do mês terei lido pelo menos um livro de 300 páginas.
Outra coisa que me ajudou muito foi entrar em um clube de leitura (falei aqui sobre a experiência no Clube de Leitura Athenados). Criar um compromisso mensal de uma leitura ajudou muito – especialmente sabendo que a cada encontro mensal podia ampliar a visão sobre aquele livro que li, compartilhar ideias, opiniões, fazer novas amizades…
Mas hoje resolvi compartilhar uma wishlist, lista de desejos de livros para ler em 2020 – alguns são recém lançados, outros não. Alguns, inclusive, já estão na lista de leituras do Clube de Leitura que participo.
Voltando às resoluções do ano novo: se você não curte criar meta de leitura para não ter mais um ‘compromisso’, apenas leia! Escolha uma obra que você goste e se dê esse direito e esse luxo. Sem pressa e sem pressão. É certo que não vai se arrepender. Um lindo 2020 para todos nós, cheio de ótimas leituras!
Livros para ler em 2020
Brasil, construtor de ruínas – Eliane Brum
Lançado em outubro de 2019, esse livro traz um olhar sobre o Brasil, de Lula a Bolsonaro, partindo de reportagens e artigos escritos por Eliane Brum, especialmente em sua coluna no El País nos últimos anos. Veja aqui
Escravidão – Laurentino Gomes
Lançado no final de 2019, o livro equilibra pesquisas sobre detalhes do cotidiano com o contexto social e econômico que fez da escravidão a base da colonização europeia nas Américas. Esse é o primeiro volume da nova trilogia do autor, resultado de 6 anos de pesquisas, que incluíram viagens por 12 países e 3 continentes. Veja aqui
Me encontre – André Aciman
O título dá continuação à história de Elio e Oliver, em Me Chame Pelo Seu Nome, romance que ganhou o Oscar como melhor roteiro adaptado em 2018. Esse livro ganhou meu coração em 2018 e escrevi sobre ele aqui. Veja o livro aqui.
Sobre os ossos dos mortos – Olga Tokarczuk
Vencedora do Nobel de Literatura, a autora mistura thriller e humor em uma reflexão sobre a condição humana e a natureza (p.s: essa é a leitura do mês de janeiro no clube de leitura Athenados). Veja aqui.
Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe – Emicida
Um livro em comemoração aos 10 anos da primeira mixtape de Emicida. Mais que isso, a obra é uma antologia ilustrada e conta com a colaboração de mais de 100 convidados, entre eles artistas, rappers, ilustradores, especialistas e parceiros de trajetória do músico. O livro mergulha na atmosfera das 25 canções de trabalho e traz reflexões de Emicida sobre sua arte urbana. Entre os convidados, o comediante Thiago Ventura, a jornalista Eliane Brum e o sociólogo Jessé Souza. Veja aqui.
Voz ao Verbo – Allan Dias Castro
Este livro é o roteiro errante de como o gaúcho Allan Dias castro deu Voz ao Verbo, criando em 2016 um projeto de vídeos de poesia falada que gerou enorme identificação com o público e ultrapassou a marca de 90 milhões de visualizações nas redes sociais. É o seu segundo livro, e segundo ele, ‘os poemas, textos poéticos e histórias contidas no livro servem de companhia a todos aqueles que desejam calar o medo, ouvir a si mesmo e descobrir seu modo de se colocar no mundo’. Veja aqui.
Essa gente – Chico Buarque
Um escritor decadente enfrenta uma crise financeira e afetiva enquanto o Rio de Janeiro colapsa à sua volta. Tragicomédia urgente, o novo romance de Chico Buarque é a primeira obra literária de vulto a encarar o Brasil do agora. Veja aqui
Prólogo, ato, epílogo – Fernanda Montenegro
Fernanda Montenegro narra suas memórias numa prosa afetiva, cheia de inteligência e sensibilidade. Com sua voz inconfundível, ela coloca no papel a saga de seus antepassados lavradores portugueses, do lado paterno, e pastores sardos, do lado materno. Lidas hoje, são histórias que podem “parecer um folhetim. Ou uma tragédia” — gêneros que a atriz domina com maestria. Veja aqui
Carta à minha Filha – Maya Angelou
Li, em 2019, ‘Eu sei porque o pássaro canta na gaiola’, e “só” isso bastou pra escolher mais uma obra da Maya Angelou pra lista dos desejos de 2020. Mesclando relato confessional e poesia, ela concebe uma espécie de manual, contando sua trajetória e também seus anseios para um futuro que está nas mãos das herdeiras de seu legado. Conhecida por estar no front do movimento pelos direitos civis, a autora e ativista não apenas nos dá seu testemunho de luta, mas nos presenteia com um tocante relato de exaltação à vida. Veja aqui
Hibisco Roxo – Chimamanda Ngozi Adichie
Uma história sensível e delicada sobre uma jovem exposta à intolerância religiosa e ao lado obscuro da sociedade nigeriana. Protagonista e narradora de Hibisco roxo, a adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família. Veja aqui
Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu
Leitura de fevereiro no Clube de Leitura Athenados, esse livro é bem antigo e já estava há muitos anos na minha lista (mais um motivo pra dizer como é bom participar de clubes de leitura!). Lançado em 1982, Morangos Mofados mostra em 18 contos, as inconstâncias humanas mais profundas, em um país que vislumbrava a redemocratização ante a falência do regime militar. Veja aqui
Dias de abandono – Elena Ferrante
Esse livro foi lançado lá em 2002 originalmente, e no Brasil em 2016, mas minha curiosidade pra leitura veio depois de eu ler Laços, do Domenico Starnone. Dias de Abandono narra a história de uma mulher que precisa enfrentar a separação depois de 15 anos de casamento. Dizem que o enredo dos dois livros é tão parecido que eles podem ser lidos como um diálogo. Há também boatos de que os dois escritores seriam marido e mulher. Vale lembrar que Elena Ferrante é um pseudônimo e que já foi levantada a hipótese de que Ferrante seria, na verdade, Starnone. Veja aqui
[ABTM id=2027]