Se você é um amante da dança, teatro, arte, música, literatura e filmes, então, quando estiver em Buenos Aires vai viver um amor de cinema com a cidade. Isso por que a capital hermana transborda cultura! É comum você estar andando pelas ruas do centro e se deparar com algum casal dançando tango de forma impecável ou, então, estar dentro do trem e um grupo musical te surpreender com um mini show no meio da multidão.
No início de abril, fiquei sete dias na cidade e pude ver exposições do renomado cineasta David Lynch (foto acima), da cantora e fotógrafa Patti Smith e do estilista Jean Paul Gaultier. Além de assistir a gravação de La Hora del Tango, um programa de televisão com bailarinos e músicos renomados da Argentina. E o melhor: tudo sem gastar um centavo. Onde tudo isso? Pertinho da Casa Rosada, no Centro Cultural Kirchner, considerado o maior centro cultural da América Latina e o terceiro maior do mundo.
Outra boa surpresa é que, durante os dias que estive por lá, estava acontecendo o BAFICI, Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, considerado o maior festival de cinema independente da América Latina. Na sua 20ª edição, contou com 107 estreias mundiais e internacionais e 99 outras americanas e latino-americanas. Em duas semanas, o Festival recebeu mais de 390 mil pessoas. Durante a programação, era possível assistir a várias obras de graça, ao ar livre ou então em centros culturais ou salas de cinema (espalhadas em 36 pontos da cidade), pagando uma entrada em torno de R$ 7 a R$ 10. Havia também atividades gratuitas, como oficinas, workshops e palestras com a participação de cineastas renomados como John Waters.
O filme La flor, dirigido por Mariano Llinás – que, com 14 horas de duração é o mais longo da história do cinema argentino – foi eleito o Melhor Filme da Competição Internacional. Las hijas del fuego, de Albertina Carri, levou o troféu de Melhor Filme da Competição Argentina.
O legal de festivais de cinema é a oportunidade de poder assistir, em primeira mão, obras que ainda nem chegaram às telas comerciais (ou que nem chegarão). Tive a oportunidade de ver Disobedience, o novo filme do diretor chileno Sebastián Lelio, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro para Uma mulher Fantástica. A exibição foi no Cine Gaumont, cinema centenário que só exibe filmes nacionais e com ingressos bem baratos. A fila, de vários metros, se estendia pela calçada, em um calor escaldante fora de época, com um público de 18 a 80 anos. Para quem ficou curioso, Disobedience mostra Rachel Weisz e Rachel McAdams vivendo uma paixão proibida e deve chegar pelo Brasil em maio.
Por falar em histórias de festivais, dois filmes argentinos já levaram o Oscar. O primeiro foi A História Oficial (1985) e o segundo foi O Segredo dos seus Olhos (2009). No total, sete produções da Argentina já concorreram ao maior prêmio do cinema mundial.
Buenos Aires transformou-se em um dos principais destinos para quem quer estudar cinema. É só dar algumas voltas pelas ruas para encontrar um grupo de alunos gravando algum audiovisual (eu vi, pelo menos três, em uma semana). São quase dez escolas na capital e cerca de 12 mil alunos, atraídos pelo bom nível dos profissionais argentinos, custo mais acessível e intensa produção. Além de ter bons centros de estudo, a Argentina possui um fomentador importante, o Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales (INCAA), que subsidia desde longas de diretores consagrados até documentários e filmes de animação.
Ficou curioso sobre o cinema dos hermanos? Então, quando for a Buenos Aires, tente incluir no seu roteiro uma visita ao Museo del Cine, que desde sua fundação em 1971, é um dos mais importantes arquivos cinematográficos do país e da América Latina. O Museu de Cinema Pablo Ducrós Hicken, ficou fechado durante sete anos e foi reaberto, com sede nova, no Bairro La Boca.
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