Aos 46 anos, o ator paulista Gabriel Braga Nunes decidiu que queria subir aos palcos não para interpretar um rockeiro, e sim para viver o seu próprio rock’n roll. Juntou a paixão pelo hard rock, a afinidade pela obra de Shakespeare e alguns amigos feitos por aí. Assim nasceu O Amador, projeto que lança neste domingo em Santa Maria.
O ator sobe ao palco do Theatro Treze de Maio em um espetáculo inédito, com sua guitarra e os 14 sonetos de Shakespeare musicados especialmente para o projeto. Junto dele, acompanham o baterista carioca Fernando Oliveira e dois guris santa-marienses: o músico e roteirista Lucas Hoffman e o produtor musical Léo Mayer.
A parceria começou quando Gabriel trocou a ideia sobre o projeto com Lucas, que apresentou a ele Léo Mayer, no momento em que os dois buscavam alguém para a mixagem e finalização do material gravado.
– Eu não sabia de quem era o trabalho quando Lucas me chamou, e topei. Tive a oportunidade de trocar uma ideia com Gabriel e a banda quando fui ao Rio, e ali vi um espaço muito grande para riffs de guitarra, complementos… O Gabriel gostou bastante das ideias que sugeri, ouviu as referências e curtiu. Na época ele cogitou que se rolasse uma turnê poderíamos fazer juntos. Quando fui ao Rio para finalizar o disco, ficamos por uma semana preparando o show. Ensaiávamos oito horas por dia e conseguimos construir o espetáculo com 14 músicas – conta Léo Mayer, que também assina a produção musical do projeto.
Conversamos também com Gabriel Braga Nunes, que contou mais detalhes de como nasceu a ideia de O Amador e como vai ser o espetáculo de domingo. Leia a entrevista abaixo:
Gabriel, como surgiu a ideia de levar Shakespeare nos palcos, dessa vez com a música. Como nasceu essa ideia? E por que Shakespeare?
Gabriel Braga Nunes – Eu tinha ideias de riffs estilo anos 70 na cabeça, mas quando ia dizer alguma coisa, tudo parecia meio bobo. Daí lembrei dos sonetos do Shakespeare. O eu-lírico apaixonado dos sonetos combina com a dramaticidade do rock anos 70. A métrica também ajuda nas melodias e a universalidade do tema dá o empurrão final. Shakespeare escreveu 154 sonetos de amor, é tema único, assunto universal. Daí o nome do projeto “O amador”, que combina também com minha situação no rock, fazendo exclusivamente por amor ao gênero.
Você já trabalhou com alguma montagem do Shakespeare na dramaturgia? Isso influenciou na Sua escolha sobre o Amador?
Gabriel – Sim, no cinema, fiz o Macbeth, no filme “A floresta que se move”. No teatro, apenas leituras. Costumam dizer que, no final das contas, tudo acaba em Shakespeare. Mas os sonetos são especiais, porque não têm personagens. São, em tese, a voz direta do autor, e assim, se prestam melhor a uma performance musical.
Quem nasceu antes na sua essência artística: o músico ou o ator? E como o músico e o ator se conciliam hoje?
Gabriel – Sempre me interessei por performances, happenings, e intervenções com artes plásticas também. E minha escolha pelo teatro incluía tudo isso. O audiovisual é que apareceu mais tarde para mim, já com pelo no peito. Mas, depois dos 40, achei que não convinha demorar muito mais para tocar rock n roll (risos)…
Na banda que compõe o projeto tem dois guris de Santa Maria, o Lucas e o Léo. Como foi que vocês se conheceram e como rolou essa parceria? E como é trabalhar com eles?
Gabriel – Foi o Lucas Hoffman que fez tudo. Eu dividi a ideia original com ele, que é o meu amigo que mais gosta de rock velho. E ele fez tudo: me apresentou Fernando Oliveira e Leo Mayer. Só gente que entende do riscado. Nosso processo é de criação coletiva. Quando precisa de palavra final, é a de quem compôs a música. Os guris são bem espirituosos e criativos, e Santa Maria acabou dominando a cena.
Vocês vão estrear o espetáculo em Santa Maria (domingo) e em Passo fundo (sábado) Por que escolheram o Sul para a estreia?
Gabriel – Metade da banda sendo daqui, faz todo sentido essa estreia! É uma alegria estrear o projeto na cidade. Estamos aproveitando o know-how e a experiência do Leo Mayer e do Marcio Grings na organização. Parece que há um interesse maior por rock nesse estado. Estou organizando Rio de Janeiro e São Paulo na sequência, ainda sem datas. E tenho a impressão de que tocaremos mais aqui pelo Rio Grande, tomara que sim!
Você falou em uma entrevista que gostaria de tirar um ano sabático para fazer rock n roll. Está considerando esse o teu ano sabático ou ainda não?
Gabriel – (risos), acabei não conseguindo tirar, por causa das novelas! Mas agora em 2018, estou fazendo duas séries, com carga de trabalho menor. Então, consegui participar do musical “A noviça rebelde” e desenvolver este tão acalentado projeto de rock n roll.
Mesmo com o Amador você segue com vários trabalhos. Pode falar um pouquinho sobre o que está rolando?
Gabriel – “Se eu fechar os olhos agora”, uma série que gravei, já está rolando online (no Globoplay) e no mês que vem começo a gravar uma série sobre a vida da Hebe, com a Andréa Beltrão. A equipe é ótima, deve sair uma bela série.
Como vai ser o espetáculo domingo?
Gabriel – O show tem 14 sonetos musicados, e fiz algumas traduções também, que devo falar em cena, para dar contexto, já que as músicas são cantadas no inglês original do Shakespeare. Tem duração aproximada de 1h15min
SERVIÇO
O AMADOR
Quando: domingo, dia 16 de setembro, às 20h
Onde: Theatro Treze de Maio (Praça Saldanha Marinho, s/nº)
Com: Gabriel Braga Nunes, Fernando Oliveira (bateria), Léo Mayer (guitarra) e Lucas Hoffman (baixo)
Ingressos: R$ 60 (público geral); R$ 40 (Clube do Assinante do Diário de Santa Maria); R$ 30 (estudantes,. idosos e sócios do Theatro), disponíveis na bilheteria do teatro e online
Realização: Grings – Tours, Produções e Eventos em parceria com Há Cena
Mais informações na página do evento no Facebook
Ouça ‘O Amador’ aqui:
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